quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Imaginando o tempo .



- Dar-te a mão foi algo que sempre derramei em lágrimas para as minhas almofadas. Imaginava como seria sair por ai sem saber ao certo por donde e saltitar trilhos e montanhas na companhia do teu olhar. Imaginava o quente toque da tua pele que me fazia arrepiar os cabelos da nuca. Mas imaginei de mais enquanto me esquecia do dia em que me abandonaste. As cartas escritas enfiaram-se no fundo das gavetas atulhadas de objectos que não pensei mais usar. As fotografias tiradas foram escondidas de todos os olhares e de todo o meu bater de coração. A recordação em memória pendurou-se no cabide da tristeza e nunca mais desmontou aquele lugar tão sofredor do meu coração. Já se passaram tempos numa correria infernal em que implorei ao tempo o cheiro da tua roupa e a sensação fresca das tuas palavras que vagueavam pelo meu pescoço. Já se passaram tantos que de nenhum deles me lembro. Que me recorde apenas posso falar de agora. Do sabor amargo do jantar e do inconfundível e barulhento tilintar de moedas no fundo do bolso dos meus calções. Mas a imaginação perdura no sentimento que nunca desapareceu. Sentimento de um coração que nunca viveu de mãos dadas e mesmo assim sofre com a saída constante da personagem que, em imaginação, vive comigo os melhores momentos da minha vida.


                                                                                                           Paulo Silva .

Sem comentários:

Enviar um comentário